Vem, chuva.
Escorre imponente pela minha pele e chega ao chão com a sensação de dever cumprido. Pois acredite, você cumpriu. Bate forte e me manda sorte pra vida que vem por aí. Eu vou caminhando tranquila pela rua, sem me preocupar. Já passei do tempo de ter medo de me molhar. Afinal, quem entra em ti…
Vem, chuva.
Você fica tão linda combinada com as luzes da cidade e os faróis dos carros, sempre repletos de pessoas apressadas querendo chegar logo no alento do lar – ou dos braços de um outro alguém. Pena que elas quase nunca reparam que você está ali. Não agradecem o fato de você sempre voltar para lavar todos os medos. Lave os meus também, mande-os para o bueiro, para o esgoto, junto com tudo de ruim, que já é momento de me jogar, me lançar nesse mundo sem fim, sem medo, sempre.
Vem, chuva.
E depois de virar garoa e o vento te levar para lavar outras almas por aí, manda o sol para iluminar meu ser. Traz o céu repleto de estrelas para eu poder observar e admirar mais um dia. Me traz sorrisos aliviados por estar finalmente em paz. Mesmo que me seque, a sensação continuará dentro de mim. Traz no dia seguinte o céu aberto, azul infinito e que essa se transforme na cor da esperança, de dias melhores, de dias mais fortes, de dias para nós.
Vai.